O preço de uma escolha

Porque é tão difícil fazer uma escolha?

Vivemos diariamente com muitas opções e oportunidades de fazermos escolhas mas infelizmente não notamos isso. Vamos vivendo como vítimas de tantos acontecimentos que não conseguimos controlar e achamos que tudo o que nos acontece de não bacana…nós temos que aguentar. Mas será que vale a pena?
De fato, não conseguimos controlar tudo em nossa vida mas podemos optar em como vamos lidar com o que nos acontece, fazendo o que nos cabe, aceitando as coisas que não conseguimos mudar.
O que muitos não têm consciência é que mesmo ao fazer nada, isso também é uma escolha. A cada dia escolhemos fazer ou não fazer alguma coisa. E de onde vem a angustia de escolher? Com certeza da angustia de lidar com todas as opções que não foram escolhidas. Sabe aquela frase já muito falada “cada escolha uma renúncia”; na verdade deveria ser “cada escolha, muitas renúncias” e deveríamos aprender a lidar com isso. Ao olhar para tudo que resolvemos abrir mão, deixando tudo ir e colocando atenção e intenção no objeto escolhido, faz com que a gente vivencie e curta a escolha feita, diminuindo um possível sentimento de perda que a escolha gerou.
Claro, tudo tem o seu preço, mas o que será que custa mais: a escolha consciente, sintonizada com o coração em busca de uma realização ou uma escolha inconsciente, sintonizada com o medo ou ego em busca de uma falsa realização?
Recebo no consultório muita gente insatisfeita com a vida que leva mas sem forças para tomar uma decisão e assumir uma escolha. Em muitos casos, mais do que a insegurança natural que toda mudança acarreta, vem um desejo de escolha com uma demanda gigante de não querer abrir mão de nada…como se isso fosse possível. Querem uma vida mais leve, um trabalho diferente mas não querem abrir mão de um salário alto, de um prestígio. Ou então querem mais autonomia mas não querem assumir responsabilidade… enfim, ficam com desejos mimados de mudança (entendam mimado por ‘quero que tudo mude conforme eu acredito para então eu mudar’) e enquanto essa condição ‘correta’ planejada não acontece, não é capaz de mudar nada.
Precisamos assumir a responsabilidade pelo o que nos acontece e também por aquilo que não acontece. Avaliar quais são as escolhas que estamos fazendo, se elas estão em sintonia com o que desejamos e também ter coragem de olhar para a escolha por uma omissão que também permitimos diariamente, numa atitude de vitimização em alguns assuntos pendentes na nossa vida.

A conta sempre chega; qual delas você prefere pagar?

Marcella Helena Ferreira
Psicoterapeuta Junguiana
marcella@conhecendojung.com.br

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